Peregrinação Caminhos de Fátima 2012
Pelo 4º ano consecutivo cerca de 20 aventureiros amantes do BTT, realizaram mais uma etapa de Ribeiradio-Fátima. A viagem foi dura devido à chuva no entanto todos os participantes chegaram ao Santuário de Fátima com enorme alegria por ter conseguido superar todas as dificuldades que foram surgindo ao longo da viagem.
Freguesia de Ribeiradio
Este território foi ocupado desde há milénios, sobretudo nos seus pontos de maior altitude, isto porque os povos da antiguidade mais remota tinham uma predilecção estratégica por estas atalaias. O maior espólio encontra-se na Serra e Paredes que ocupa lugar de primeiro relevo, pelos restos do seu reduto fortificado - o Castêlo.

A rudeza das penedias naturais mistura-se com as construções humanas. Nestas rochas graníticas são frequentes os desenhos pré-históricos e um deles, num raciocínio simples e imediatista, quase faz lembrar a planta de uma fortificação... ideia logo "destruída" por se saber quanto isso não era feito por essas alturas. A veracidade da presença humana reside na enorme quantidade de pedras trabalhadas, de faces lisas, com a sua utilização em muralhas agora desfeitas e com o uso que delas fizeram para tapar os espaços entre os diversos penedos. Com esta técnica, nasciam grutas destinadas a dar guarida àqueles nossos antepassados, que assim mostravam saber aliar a natureza e a técnica.
Pelo seu aspecto e posicionamento, deve ter sido também local de culto religioso, a par da dimensão estratégico-militar, tal a vastidão de horizontes que dali se descortina em relação ao norte e ao ocidente (Oceano Atlântico, planícies de A veiro). Quando escasseia a visão histórica, cresce a lenda: de geração em geração vem subsistindo a ideia de que o subsolo é oco, a incluir túneis gigantescos que descem até ao Rio Vouga, que podem dar passagem a pé ou se encontram repletos de água.
A estabelecer a ligação com os dias de hoje, ali se ergue um cruzeiro em ferro, a ostentar a data de 10 de Junho de 1978 e as iniciais P.T.S. (cremos que de Porfírio Tavares da Silva, um entusiasta deste reduto, a residir na freguesia de Cedrim do Vouga).

Paredes é ainda rica em antas e mamoas, factos que chegam para reconhecer a existência da presença humana por aquelas paragens serranas, quando os sítios baixos eram colocados em segundo lugar. Nos Chascos, subúrbios do reduzido aglomerado populacional, e que são propriedade dos herdeiros de António Ferreira Lopes (de Galegas), se localizam os restos de uma anta sem tampa, por ter sido violada. É visível o corredor virado para nascente e vários pilares da parte central conseguiram também escapar à maré destruidora.
Em complemento, outras antas e mamo as se disseminam por aquela zona, menos visíveis, menos explícitas. Próximo do Ribeiro Esporão, junto da Alagoa, surgem outros exemplares destes monumentos e nas Arcas (Talhadas) acontece o mesmo.
Tudo em Ribeiradio cheira a antigo, tudo evoca a mão de quem ali viveu há milénios.
O penedo antropomórfico, que pode ter estado na origem do topónimo desta freguesia, tem uma palavra a dizer, devido ao seu carácter esfíngico. Possível centro religioso de paganismo, esta localidade foi buscar as suas raízes (hipotéticas) a Ribeira de Io ou Riparia de Io (1258 Inquirições). Alguns tempos depois chega a ver-se Ribeyra Diom, no seguimento de uma caminhada fonética: ldolu: > ldoo > Ioo > Io, em que o ldolu inicial tinha a ver com essa forma antropomórfica, em que veio a sugerir a designação do curso de água que por ali passa. Como Ribeyras há muitas, o elemento distintivo estava ali à mão de semear - Ribeyra de lo (ldolu).
Curioso será notar-se que o Santuário Mariano tenta fazer adoptar a designação toponímica de Ribeira de Deos ("por tradição constante"), tendo vencido a primeira. Vieram os romanos e deixaram marcas, aqui mais visíveis nos nomes que nas obras. Pedre associa-se, à vista desarmada, a "villa" Petri genitivo romano de Petrus que indica o senhorio de uma villa no seu significado rural.
Iniciado o povoamento com populações pré-históricas, a actividade humana não mais cessou nestas terras de S. Miguel de Ribeira, um território com contornos bastante mais dilatados do que aqueles que hoje limitam a freguesia de Ribeiradio. Com efeito, na época medieval aquele espaço compreendia, para além daquele que é objecto do nosso estudo, Cedrim e Couto de Esteves.

Cedrim e Couto de Esteves - paróquias que se vieram a autonomizar a partir da sede-mãe, cujos curatos eram providos pela reitoria de Ribeiradio. Daí que se diga no Santuário Mariano que "...aquele grande distrito de Ribeira... (no meio do qual) se vê o Santuário de Nossa Senhora de Lourosa ...(eJ... A casa da Senhora foi antigamente a matriz de todas as freguesias vizinhas - Igreja de Santo Estêvão na villa de Couto de Esteves, de S. João Batista de Cedrim e da de S. Miguel, aonde hoje pertence, e é matriz... Abade ou vigario apresenta os párocos do Couto e de Cedrim... e por memória da antiga superioridade lhe impôs ao vigário o encargo de ir todos os sábados do ano a celebrar missa naquela casa...





